Passeando pela vida, Helena encontrou árvores que lhe dão mais ouvidos e traz mais paz e silêncio do que se pensou ter um dia. Em respeito, cuida de ouví-las de igual modo. Seu silêncio é ensurdecedor. É natural ser ouvidos e voz. Inteligente mesmo é ser menos voz. Pra ver o mundo todo conectado e sentir-se tão à vontade como é de fato de interesse do Universo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Compro e vendo.

Enquanto acontece importâncias menores nessa transição constante que é meu passear pela vida, compro histórias para tecer relações. Confesso: as compro por qualquer preço. Pode custar um abraço, um cafuné, ou mesmo um despretensioso olhar.
Atenção. O ego precisa ser alimentado, que seja então pela vaidade de criar e ser ouvida.
Dos males, o menor.
Começo ouvindo e penetra na vida de outro, dito premissas e concluo objetividades. A sabedoria de ouvir me repele de erros em momentos de perigo. É saudável ouvir.
Histórias compradas. Histórias que são parte (daquela parte que eu não faço parte) e logo precisam de respaldo. Onde encontrar? Em minhas histórias.
São tantas e a memória nunca ajuda. Imaginar é uma boa saída.
Ilusão existe. Se existe, existe e ponto.
Acrescento as minhas verdades às verdades daqueles que agora compram minhas histórias. Qual o preço? Um preço qualquer.
Vendo-as por ter que participar.
Quisera eu assistir a tudo e assistir a todos que desejo.
Por sua impossibilidade, palpito notícias e reescrevo falas. Cogito o maior, o Bem. Entre desencontros e convergências de idéias, me reinvento na medida que mudo as mesmas histórias ao passar para um outro "cliente".
Quem ousa reclamar? Sou ouvinte de todas as besteiras. Paciente. Passiva. Ouço você porque jurei que comprar suas histórias seria acalentá-lo(a) em um carinho de atenção.
Vendo essa história pelo preço de um comentário. Mas valerá ao menos um ponto?
E quem vai cobrar? Penduro em cordel e quem quiser pegar, é só ler ou guardar.
Na estante das histórias todas e tolas só há tempo de poeira. Guardo no bolso tuas histórias e as costuro nas saias da memória.
Os enfeites são tantos e de todas as cores imagináveis. Há flores e bichos, contos e poesias, falsidades e veracidades, veemências e superficialidades... Há tanto de você em mim que não sei a realidade da lógica contrária.
Mágica do absurdo.
Ainda bem que a memória falha. Acumulo histórias até as que não compro. Ouvidos não selecionam.
As tramas que tecem essas vidas sem sentido/ as tramas sem sentido que tecem essas vidas me entristecem. Tudo deveria ser mais simples. A falta de equilíbrio emburrece.
Enquanto tenho tempo para ser qualquer pessoa, pra pensar na história maior, eu compro sua história.




4 comentários:

  1. Aplausos...
    ...





    Eu compro, não só com meu comentário, mas com meu Eu Amante, a tua companhia para estar comigo.
    Compro no presente, no futuro e no passado, para ser/estar Sempre [comigo].

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  2. Todas as histórias estão soltas.


    No ar.
    No espaço.

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  3. Paramores com o curso da vida. Como se mesmo o número de pontos da caçada fosse a liderança de alguma coisa qualquer. E eu digo o que tenho que dizer! Vc escreve com lágrimas. Indeniza a vida e deixa ela escorrer...
    Bruno Godinho

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  4. "De que vale ser aqui
    De que vale ser aqui
    Onde a vida é de sonhar?
    Liberdade."

    Mas enquanto existir uma história passeando nos ouvidos, saberemos sentir a leveza de ser e teremos ainda mais motivos para comprar cada verso que irá compor uma história... Com toda liberdade... =]

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Se desprender do que não serve.