Enquanto estudante de Filosofia, percebo uma semelhança entre as minhas críticas e a crítica rilkeana acerca dos trabalhos estético-críticos. É uma porção de modismo, de conceitos flexíveis e pessoais.
Sim, se entender com a natureza e escrever com humildade e simplicidade de dentro para fora é sem dúvida dar asas à inspiração e poetizar com maestria. Muitos são bons, brilhantes. Ser único é se mostrar a si mesmo, é mostrar conhecimento sobre si mesmo, as coisas e a natureza.
E se escrever for fundamental na sua vida, escreva. Não pare nem se a tinta acabar.
Carta de 16 de Julho, 1903
"...viver em recolhimento para alcançar sublimes êxtases."
Daqui ouço teus lamentos e repetições. Tento entender a frustração.
Confesso que há explosões e implosões. Inclusive a ausência disso. E o remédio é a reciprocidade. Há tempos e temperos que necessitam ser experimentados em banho maria. Ou quem sabe se joga em fogueira acesa. É conviver, é estar completamente a vontade. É não saber da surpresa mas estar preparada e entendida. É dominar ou deixar ser dominado com leitura suficiente inequívoca dos hábitos e da energia desprendida. É um não acumulo de chateações para não haver retaliações. Basta o tempero na medida. Só não confundir e estar no mesmo nível de coração aberto. Se o dia não chega tem que se pensar que não se mede por escalas lineares se tudo é cíclico.
Carta de 23 de Dezembro, 1903
"A solidão é fera, solidão devora..."
Procurar em si mesmo e nada encontrar é de fato, tédio. E isso só é bom quando se quer esvaziar a mente, provocar sensações novas e meditar. Reconstruir-se. Lembrar que a solidão é inerente e não há estrago nisso. É ser humano ser só. Os agrupamentos são pura questão de sobrevivência. E para quê sobreviver em grupo se o grupo é laranja podre na cesta?
Sétima carta de 14 de Maio, 1904
"Amar é antes uma oportunidade, um motivo sublime, que se oferece a cada indivíduo para amadurecer e chegar a ser algo em si mesmo; para tornar-se um mundo, todo um mundo, por amor a outro”.
É olhar para si mesmo e perceber que a completude da sua imperfeição se dá pelo Amor sentido, quisto e obtido. Há menos solidão assim.
"Nada que faça pensar num complemento ou limite, senão sómente em vida e em ser: o Humano feminino”.
"Nada que faça pensar num complemento ou limite, senão sómente em vida e em ser: o Humano feminino”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se desprender do que não serve.