Sofrer e esperar parecem sinônimos nessa dança. É dançar solitariamente. Irritante verbo esperar. Eu preferia objetividade de lá. Calma e rotina em nós. Desesperadamente alguma rotina que me prenda à noção de lar e casa-nós arrumada. Falo do outro, falo de você. Em meu lar há fotos, livros e uma cama espaçosamente fria e vazia. De você há bilhetes armazenados em pasta azul ofício enquanto resquícios de uma antiga viagem assombram minhas recordações. Completará 1 ano em breve e parece-me uma eternidade de segundos contados pacientemente. Porque mente? Aqui dentro do peito moram ininterruptas interrogações, mas... até quando? Sou tomada em dúvidas, em hipóteses e superstições. Por isso tenho ouvido menos a Natureza. Onde estão os sinais? Tusso uma vida tédio. Greve um intelecto grave. Forte um coração mole. Cheia de dengo mas um ranço que não passa. Encantar. Encantar tu. Encantar a mim. Parece que me esvazio dentro da solidão de não ser só. Isso passa. Passa? Que não passe! Encanto pensamentos mas preferia você. Prece e uma vela apagada, guardada, empoeirada. Briguei com o vento e o Sol não está. A chuva não me beija o corpo nem a noite me abraça. Sinto o sono de fingimento. Sabe fingir dormir? Eu sei. Aprendi a sobreviver a dias e dias de espera, de sofrer. Durmo mas a alma acordada procura algum sentido aquietante. Cansei de frases curtas, de informações rápidas e de me arrumar ligeiro, de chamadas inadiáveis, conversa pouca, amigos teus solitariamente babacas e tuas ridículas atitudes de recorrer a tudo isso. Aprendo no silêncio mas são os gritos da garganta as verdades. Disparado o coração e dormindo a alma. Agora é o antônimo de nestante. É tempo de ser perto pois não resisto ao longe. Passional, delimito espaços sem cordas nem amarras para eu poder voar feito pipa, formando as direções e altitudes com a segurança da tênue linha rabiscando o céu, cortando o vento. Tênue está meu coração que mais parece pedra. Quer ser impenetrável nessa vida? É só jogar fora o amor e sê escuridão. Mas isso eu não sou. Assim como não sou qualquer pensamento sóbrio de querer me transformar em você. Sou eu. És tu. É a sintonia das diferenças que produzem o equilíbrio. Saiba diferenciar pois já conhecemos nosso comum, o que é semelhantemente delicioso em nós é a certeza com que lidamos com as nossas escolhas. Já é tarde e estou só. O gélido tempo me pede colo e não caio mais na tentação do vento. Quisera dançar ao luar agora, esperar a lua chegar ao ápice e conversar com os elementos. Mas já não quero esperar.
Acendo a vela.
Sopro afinal.
É tempo de reconstrução.
Não sei o que passas nesta alma aflita... Sinto apenas um grito querendo eclodir no espaço e no tempo. Afinal, é tão somente estes que penetram na alma e matéria... Não sei se uma lágrima, não sei se um desabafo, sei que derrama uma angústia. Um colo, um ombro, uma palavra... Se estes são remédios talvez eu os tenha, porém, não sei se cura, mas pode acalentar. E neste silêncio que te escrevo, espero que as palavras soem como afagos e cuidados por quem estimo e acredito.
ResponderExcluirRicky.