- Respeitável público!
Um senhor bem vestido e convincente abre a sessão, para mim, de horrores.
Sentada quietamente assistindo a tudo com interesse e medo, não conseguia me livrar das sensações entusiastas de pavor, atenção, interesse, surpresa e terror.
Um terror que só eu sentia alí, hipnotizada pelas cores, movimentos, músicas e aquele misturado cheiro de pipoca, algodão-doce, alfazema, leopardos e poeira.
O picadeiro tem seus mistérios que me fazem lembrar filmes Burton´s. Uma espécie de risos macabros, aqueles palhaços sabiam ser assustadores. Os contadores de histórias com suas marionetes que eu jurava que falavam de verdade. Ah, como me recordo com um incômodo desses momentos.
Não gosto mesmo de circo.
É assustador.
Todas aquelas cores em movimentos ritmizados me faziam ir ao mundo sombrio onde nada tem freio e controle.
No filme Across The Universe existe um circo no caminho dos jovens da trama. É daquele jeito que eu recordo o circo. Aquele tipo de humor que machuca meus sentidos e dá um nó na imaginação.
Sinto que tudo é real. Todos os monstros são palhaços, os maudosos mágicos com seus truques que cortam pessoas ao meio, os trapezistas que roubam crianças para jogá-las lá de cima por diversão (deles), os gritos finos de pavor e as gargalhadas de alegria.
A possibilidade de algo medonho ser real me machuca porque tenho sonhos assim desde criança. E o circo materializa-os. Não entendo.
Também talvez tenha medo de circo. Muito provavelemente porque não faço da única visão uma utopia dela mesma. Circo é o que vc não vê. Tenho medo do que não posso controlar. Pior que isso só brincar de cabra-cega..
ResponderExcluirCabra-cega me dá frio na barriga só de lembrar.
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