Um amigo pela madrugada e diálogos de cansaço e insônia.
Corpo cansado mas não quer dormir. E o céu por aqui escuro, estrelado, nuvens como véu.
E quando bate aquela vontade gritante de abraçar quem se ama? A distância é cruel e castradora. Impotência não é nada agradável.
Praia do Espelho e abriu-se o baú de lembranças. A poeira da infância foi retirada, pois Ele, com sua sabedoria até do que não conhece fez-me olhar e sorrir posteriormente.
Jambo, abacate, pêssego, laranja, canela, milho, cana, café, girassol, borboletas...
Na época do pêssego o quintal tinha o melhor cheiro do mundo. O pé de canela recheava a casa constantemente, era só bater um vento... o pé de canela ficava no início do longo corredor que dá acesso a cozinha. O cheiro desconhecido do pé de canela e a explicação fria e passada do doce cheiro que se é. Pêssego... "e o pêssego.... é cheiroso mesmo como falam ?" Como fazer valer toda a adoração infantil da flor do pêssego? Do gosto e do cheiro adocicado do jambo? "a flor do pêssego é incrível toda pequenininha, branca, pétalas firmes e cheirosas", "das flores, os pés de girassol eu me acabava e me perdia, sempre brinquei no canteiro, com as borboletas me divertia, agora... há carros e pedras no chão, o mais natural que tem são algumas poucas plantas em vasos gregos.
Toda essa maravilha e a questão: "como vc consegue olhar para isso e não sorrir?????"
O desencanto de quem nunca sentiu o cheiro da canela, do pêssego nunca pegado no chão, nas borboletas pouco vistas... E a satisfação Dela contar-lhe, compartilhar toda essa memória e não sorri pela ausência, mas pelo desespero de não ter mais.
E quase sentir o cheiro das frutas.
E sorrir. Sorrir em contentamento pela partilha.
"Quando criança, adolescente ainda, experimentei o vento sobre corridas com cavalos, cheiro de leite pela manhã cedo, cedinho, cheiro de fogão de lenha, cheiro de arroz cozinhando em panela de barro, gritos de alegria e corridas malucas em direção ao pequeno lago, banho quentinho de balde, alí, atrás da casa mesmo, louças quase mal lavadas e o avô ensinando tirar gordura com areia". "Eu estou sempre perto Nick". O sentido de ter sentido, mesmo que em outra ordem.
E Amar atentamente. Abertamente.
São conversas tantas que valem a pena. E é só o que compartilho agora. Há tanto.
De mim e de ti. De nós. Juntos, separados.
A inspiração acabou junto com a despedida. Quem sabe retomo essa e outras histórias dessa madrugada florida derepentemente por Ele. E sorriu. Muito. E dormirei tão tranquila como se pretende uma criança cansada de brincar no quintal frutífero.
Entre aqui e alí vou me desprendendo. Com leveza para pensar e me interessar por tudo.
Passeando pela vida, Helena encontrou árvores que lhe dão mais ouvidos e traz mais paz e silêncio do que se pensou ter um dia. Em respeito, cuida de ouví-las de igual modo. Seu silêncio é ensurdecedor. É natural ser ouvidos e voz. Inteligente mesmo é ser menos voz. Pra ver o mundo todo conectado e sentir-se tão à vontade como é de fato de interesse do Universo.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
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"E no mais, tudo na mais perfeita paz, sendo que eu assumo isso mesmo quando se diz que já acabou, ainda quero morrer de amor."
ResponderExcluir^^
ResponderExcluircomo se pudesse caminhar pelo corredor, correr pelo quintal ou simplesmente imaginar...
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