Não eram só as paredes que estavam em outros lugares.
A brancura poderia ser qualquer coisa mais a certeza de uma obscuridade intrínseca me fazia engolir um choro agonizante. A alma fria, um sorriso amarelo, uma dança sem ritmo e uma ausência de fome. Ao menos um diálogo interessante. E não foi com a parede que se deslocou. Ela permanecia no mesmo lugar de sempre e eu não entenderia qualquer revida. Parece mas não é. Ás vezes dói mais por ser sem parecer. Os questionamentos da cabeça somem quando o que dói mesmo é o coração. Ser sangue e mágoa. E silêncio. Não há o que dizer. Há o Tempo e há tudo, sempre será assim. Deixo o fluxo dos acontecimentos amenizar, o sentimento costurar o que ficou aberto, a moral deixar de ser o controle. Ando com os pés nas nuvens e de lá só fujo pro lugar de sempre à espera da amada companhia poética e doce. Parece, por mais que não seja ou seja, pode ser ou vir a ser, que as minhas coisas nunca serão acabadas no sentido de completas. O meio do caminho é onde páro. Não sei se para ver, para abandonar ou se para curar e andar de outro jeito. Sei que páro. Sempre foi assim e não me convido a continuar sendo. Os tantos choros engolidos por toda a minha vida me fizeram a intolerante mais paciente que conheço. Os gritos nunca gritados, os verbos nunca conjugados como e quando deveriam ser... sou uma espécie de metade de mim mesma. A outra parte eu deixei guardada, ou protegida, ou escondida, ou resguardada no lirismo que me garante doses constantes de melancolia e saudosismo caótico. O Eu mais criativo guarda um pedaço dessa outra metade. Me fragmento. Assim os choros continuam a ser engolidos ou derramados nos travesseiros pelo caminho, os gritos contidos, os argumentos e a cara à bater sempre atrás da grande árvore que me ouve silenciosa, dançante. O caos consumindo meus pensamentos e comendo parte dele... nada se desenvolve. Fica no meio: entre o que é e o que não é ainda, por não ter deixado de ser. E as paredes continuam nos outros lugares sem alguma explicação. Nenhuma coisa foi dita. O branco não quis ser cúmplice.
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Se desprender do que não serve.