Entre aqui e alí vou me desprendendo. Com leveza para pensar e me interessar por tudo.
Passeando pela vida, Helena encontrou árvores que lhe dão mais ouvidos e traz mais paz e silêncio do que se pensou ter um dia. Em respeito, cuida de ouví-las de igual modo. Seu silêncio é ensurdecedor. É natural ser ouvidos e voz. Inteligente mesmo é ser menos voz. Pra ver o mundo todo conectado e sentir-se tão à vontade como é de fato de interesse do Universo.
terça-feira, 27 de julho de 2010
Ato III. O surreal.
Adjetivando meus sentimentos
com olhos fechados em sono profundo
poderia decifrar salteando cores
ou criar desenhos com o inusitado das linhas
e formando formas com as texturas provocadas
numa bagunça de estampas
dentro de gigante caixa preta
tão escura como o cosmos
tão impensável quanto deus
e tão profundamente infinito
quanto um buraco negro invisível.
Convenço-me a abrir os olhos
e percebo dentro de mim.
Há muita água.
Uma energia frenética, agitada, comovida.
Vejo tantas personas
dialogando suas próprias vidas
e refletindo confusões de pequenos pensamentos
misturados todos eles numa mesma cabeça
de uma só pessoa.
Páro. Absorta inspiro.
Expiro.
Sinto falta da ópera dos passarinhos
em fim de tarde
e do timbre da tua voz.
Eu nunca mais vi girassóis
mas posso imaginar um tanto deles.
Nessa imaginação você vem correndo
encantando minha visão
vibrando meu coração
mas o caminho é esteira do tempo
corre, corre e corre!
Não há chegada até que o tempo queira.
sábado, 24 de julho de 2010
Do jeito que já foi.
Inevitável pensar que não foi como desejava. Precisaria então desejar com mais clareza e fazer com veemência. Estou um pouco enjoada do que tenho realizado, produzido nada nadinha... Só tenho forças para a preguiça diária, quisera ser sempre noite e me aconchegar numa cama.
Tenho em mim tantas verdades e o silêncio de algo que se assemelha a vergonha de falar. Como eu gostaria de dizer tudo que penso. Mas penso só. Penso eu. E minha cabeça cansada de colecionar palavras e sentimentos quer se desprender de mim e descansar lá fora com a alma. Eu poderia comer aquele doce e sentir quanta lisergia me afeta. Mas eu gosto de expandir quando se tem um mestre ao lado. Eu já tive um mestre, mas foi preciso assoprar. Era um tempo mais leve, sorridente e minha alma levitava com a natureza.
Bem, hoje planalto central, amanhã estradas, segunda reencontro minha própria rotina de merda. Lá quero estar aqui, aqui, lá.
Ah coração bobo, inconstante! Me prende a afetos e a meus intensos sentimentos e caio numa contradição entediante.
Ser com as palavras. Ser com as palavras.
...
domingo, 4 de julho de 2010
"Às vezes parecia que era só improvisar..."
Por apenas um momento esperar não faz sentido. Me prove o contrário. É um pedido sincero contra solidão. Não é o seu passeio que me afeta. É o passear pela minha vida que está em foco. De repente sou possúida pelo ciúme de quem pode estar perto. Quem te faz sorrir que não sou eu? Qual cheiro tem gostado já que o meu pode ter se esvaído? É a quentura de qual presença fitando-o sem parar? Um ciúme bobo e constate desde tpm sem afeto. Sou um poço de lágrima nalfragando a alma. O telefone não tocou novamente. E não é Eu te amo às pressas que me faz feliz. Já não digo mais nada . E pesa em mim todas as palavras não ditas, todas as brigas interrompidas e os gritos abafados pelo travisseiro. Esperar ou o contrário? Já se passaram horas desde o Estou voltando para casa. Sei que isso pode te machucar. Já estou machucada e nem sei onde estou ferida. Coração, mente, idéias ou alma? Dá no mesmo. Sou eu, não deixa de ser em mim. À parte, todo horror de um domingo à tarde. Para alguém que está completamente isolada do que lhe é familiar, sim, estou numa tortura mental e nem minha coleção de filmes afetivos me salva. Não sei exatamente há quantos dias estou entre caos e lágrimas. É o equilíbrio talvez. Não é mas pode ser: felicidade e sorriso. Outrora fixos. Completamente caos no entanto. Reescrever essa história me parece fácil como abrir a janela e ver o sol. Mas não há sol, e lá fora barulho e poeira. Vou ser com o banho morno, incenso e um pouco de chocolate. Esta simplicidade me é familiar dos tempos de solteirice. Eu poderia ir ter com a cidade, mas me recoloco em cena e vejo Itabuna; cinza, úmida, quente, feia, fedida. Vou ficar aqui quieta, imóvel, silenciosa, faminta. Companheira do espaço e desamiga do tempo.
sábado, 3 de julho de 2010
Sobre todas as coisas.
Basta uma ficção, alguma obra de arte ou mesmo uma canção e quem você é retorna a ti mesmo. Parece um pulso mágico, um salve da maldita luz do fim.
Desperta de sono intranquilo sonhando abraço quente e o cheiro matinal de todo bom dia... Lacrimejo imersa em um abraço de chuveiro morno não apenas lavar a cara, é como cair realidade na cabeça.
Ontem noite chuvosa, lua luz pálida, tão pálida quanto minha própria vida. E apenas essa lembrança dói mais que a lágrima de agora.
Eu tenho me visto completamente. Mente nua, absorta em meus pensamentos, só o barulho fora da janela fechada retorna a decisão de ordem. Difícil escolha jogar o velho fora, abrir as gavetas e esvaziar potes, adquirir algo, não é somente fazê-la. É refletir o lugar de cada coisa. Assim me viro e reviro na cama espaçosamente fria tentando encontrar os pensamentos que não são meus e os libertar. Chuva e lágrimas noturna... é preciso tanta água?
Abri a janela, deixei-me ser convidada pelo vento e nem ao menos agora devo aceitar chuva adentro passos afora. Lá onde é casa faz frio e neblima embaça os óculos cansados. Alfinetes não doem. Vudu na vida não pode ser. Não faço mais coleções. Já joguei fora os vícios todos de ser infeliz.
É a saudade companheira velha. Honesta e contínua parece mais vulcão dormente. Explode mas faz nascer. O rastro é de destruir e a consequencia paciente é fértil. É outra manhã.
Palavra mais silenciosa que meu grito é esse soluço infantil de quem acorrenta a alma. Sinto cadeados e algemas em minha mente. Quase tudo em mim exije involuntariamente senhas e sorrisos.
Me senti agradável como a árvore resistindo à ventania. Não era formiga dessa vez, era eu simplesmente folha presa no galho. Vai e vai...
-Não caia, não caia. Mentalizava sendo espectador e sendo folha.
Me dei permissão à uma busca calma e complexa. Abri elegantemente a porta da rua, respirando poeira e me desviando dos carros, interrompi meus pensamentos e os deleguei férias. Fui ser folha. Ainda me sinto presa ao galho, mas quer saber? É o que me mantém árvore.
Agora, me recordo de quem fui hoje e me entristeço. Fui buscar alguém que não sou mais e faltava voltar para casa e sentir que a cama ainda é fria e intacta. E doeu mais o jantar solitário à luz de velas, a intenção desperdiçada, o silêncio de toda ausência. Nem ao menos chuva derrama sobre a Terra para eu me molhar e me cobrir de essência.
Transeunte no lugar que não quero estar, neguei sorriso, simpatia, paciência. Educada e arrogante pesquisei pessoas. Cabelos falsos, cores desbotadas, relações pueris, complexidades tolas e complicações do simples... parei pensar.
Faminta, entediada e carregando uma promessa de embriaguês parei para um café às 15h na tarde. O sábado cinza poderia ser aquarela de possibilidades, mas eu só gostaria de não estar sozinha. O sabor meio-amargo daquele café expresso é mais verídico que a xícara que o serviu e o pires que a aparou. O retorno à cama me torturou naquele instante entre pagar a conta e não quebrar a garrafa. E por um último segundo desejei ser nuvem. Iria cair sobre árvores e desgrudaria todas as suas folhas. Visualizei-me deitada sobre a terra úmida, senti-me amarelar com o tempo e voar permanente até ser pó, ser húmus fazer brotar semente vindoura. Quem sabe novas, árvore, ventania e chuva arranquem de mim alguma novidade.
O fim é cotidiano. E eu só posso ser folha.
Desperta de sono intranquilo sonhando abraço quente e o cheiro matinal de todo bom dia... Lacrimejo imersa em um abraço de chuveiro morno não apenas lavar a cara, é como cair realidade na cabeça.
Ontem noite chuvosa, lua luz pálida, tão pálida quanto minha própria vida. E apenas essa lembrança dói mais que a lágrima de agora.
Eu tenho me visto completamente. Mente nua, absorta em meus pensamentos, só o barulho fora da janela fechada retorna a decisão de ordem. Difícil escolha jogar o velho fora, abrir as gavetas e esvaziar potes, adquirir algo, não é somente fazê-la. É refletir o lugar de cada coisa. Assim me viro e reviro na cama espaçosamente fria tentando encontrar os pensamentos que não são meus e os libertar. Chuva e lágrimas noturna... é preciso tanta água?
Abri a janela, deixei-me ser convidada pelo vento e nem ao menos agora devo aceitar chuva adentro passos afora. Lá onde é casa faz frio e neblima embaça os óculos cansados. Alfinetes não doem. Vudu na vida não pode ser. Não faço mais coleções. Já joguei fora os vícios todos de ser infeliz.
É a saudade companheira velha. Honesta e contínua parece mais vulcão dormente. Explode mas faz nascer. O rastro é de destruir e a consequencia paciente é fértil. É outra manhã.
Palavra mais silenciosa que meu grito é esse soluço infantil de quem acorrenta a alma. Sinto cadeados e algemas em minha mente. Quase tudo em mim exije involuntariamente senhas e sorrisos.
Me senti agradável como a árvore resistindo à ventania. Não era formiga dessa vez, era eu simplesmente folha presa no galho. Vai e vai...
-Não caia, não caia. Mentalizava sendo espectador e sendo folha.
Me dei permissão à uma busca calma e complexa. Abri elegantemente a porta da rua, respirando poeira e me desviando dos carros, interrompi meus pensamentos e os deleguei férias. Fui ser folha. Ainda me sinto presa ao galho, mas quer saber? É o que me mantém árvore.
Agora, me recordo de quem fui hoje e me entristeço. Fui buscar alguém que não sou mais e faltava voltar para casa e sentir que a cama ainda é fria e intacta. E doeu mais o jantar solitário à luz de velas, a intenção desperdiçada, o silêncio de toda ausência. Nem ao menos chuva derrama sobre a Terra para eu me molhar e me cobrir de essência.
Transeunte no lugar que não quero estar, neguei sorriso, simpatia, paciência. Educada e arrogante pesquisei pessoas. Cabelos falsos, cores desbotadas, relações pueris, complexidades tolas e complicações do simples... parei pensar.
Faminta, entediada e carregando uma promessa de embriaguês parei para um café às 15h na tarde. O sábado cinza poderia ser aquarela de possibilidades, mas eu só gostaria de não estar sozinha. O sabor meio-amargo daquele café expresso é mais verídico que a xícara que o serviu e o pires que a aparou. O retorno à cama me torturou naquele instante entre pagar a conta e não quebrar a garrafa. E por um último segundo desejei ser nuvem. Iria cair sobre árvores e desgrudaria todas as suas folhas. Visualizei-me deitada sobre a terra úmida, senti-me amarelar com o tempo e voar permanente até ser pó, ser húmus fazer brotar semente vindoura. Quem sabe novas, árvore, ventania e chuva arranquem de mim alguma novidade.
O fim é cotidiano. E eu só posso ser folha.
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